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Orquídeas – História e ecologia

Orquídeas são plantas muito populares que inspiram um ar de beleza misteriosa. Hoje vamos conversar um pouco sobre a história e ecologia dessas plantas incríveis!

História

O encanto das orquídeas seduz a humanidade desde muito tempo. O nome Orquídea é originado do grego “Orkhis”, termo designado por um aluno de Aristóteles, 300 anos antes de Cristo, para tratar de uma planta com raízes curiosas. O termo “orkhis” em grego significa testículo, e faz alusão ao formato das raízes tuberosas de uma espécie de orquídea terrestre nativa da Europa (Ao lado: Ilustração da orquídea do gênero Orchis).

Por muito tempo as orquídeas europeias (exclusivamente terrestres) foram estudadas e inclusive utilizadas como plantas medicinais. Quando o mundo abriu as portas do horizonte para as grandes navegações e exploração de terras tropicais paradisíacas, o fabuloso universo das orquídeas epífitas e novas espécies terrestres provocou um frenesi histórico.

O contato com as populações nativas da América tropical trouxe, além da beleza de flores luxuriosas, sabores inebriantes. Os maias e os astecas temperavam o chocolate com o fruto de uma orquídea que deixava a bebida ainda mais viciante: a baunilha. A baunilha é a fava de uma orquídea trepadeira, nativa da América Central, que adquire seu sabor característico após processo de fermentação (Ao lado: flor da baunilha).

Diversas expedições patrocinadas pela nobreza europeia foram enviadas às florestas tropicais do mundo todo para coletarem as orquídeas mais exuberantes e raras. Essa febre gerou uma verdadeira corrida, em que exploradores sabotavam uns aos outros para chegar à frente de alguma orquídea relatada. Muitos exploradores da época foram eternizados pela atribuição de seus nomes a diferentes espécies, como Cattley, Lindley, Loddiges, e Sander.

Diversas tentativas de cultivar orquídeas tropicais na Europa foram frustradas, mas tudo terminou bem graças ao fruto de uma bromélia, que promoveu a construção de diversas estufas pelo continente – o abacaxi. Com a onda de estufas para cultivar frutos tropicais, as orquídeas podiam ser cultivadas em ambientes protegidos do inverno europeu. Após algumas adaptações específicas nas estufas para o cultivo de orquídeas, muitas espécies passaram a ser cultivadas em larga escala na Europa.

As orquídeas representam um dos maiores grupos das plantas com flores, sendo quase 20.000 espécies ao redor do mundo. Ainda hoje novas espécies de orquídeas são descobertas, nas profundezas das florestas tropicais intactas. Tal fato demonstra a importância de preservarmos nossas florestas contra a exploração e o desmatamento (Acima: Ilustração de Margaret Mee de orquídeas amazônicas como protesto pela preservação da floresta).

Antigamente, a propagação de orquídeas era apenas feita pela divisão de bulbos ou coletas de plantas na natureza, e o cultivo por sementes era considerado impossível. Com o avanço da ciência fomos capazes de descobrir o porquê.

Ecologia

As orquídeas são plantas de aparência delicada, mas só a aparência. São plantas extremamente adaptadas ao ambiente em que se encontram, sendo verdadeiras sobreviventes.

O sistema reprodutor das orquídeas é composto por estruturas modificadas com estratégias de polinização muito inteligentes. De modo geral, a maioria das orquídeas cola uma massa de pólen nos insetos polinizadores, que depositam esse agregado nas próximas orquídeas a seres visitadas. Quando fertilizadas, as orquídeas produzem um fruto tipo cápsula, que guarda centenas de milhares de sementes minúsculas (Acima: cápsula de orquídea com sementes). Quando amadurecem, as cápsulas se rompem e as sementes são carregadas aos montes pelo vento. Ao aterrissarem em seus ambientes definitivos, as sementes esperam...

As sementes das orquídeas são desprovidas de nutrientes capazes de sustentar a germinação da planta por conta própria (ao lado: sementes de orquídea em microscópio). As sementes simplesmente não prosperam sozinhas. As sementes das orquídeas precisam de um fungo, um bolor especial para infectar as sementes e assim permiti-las germinar. Essa “amizade” entre a orquídea e o fungo é uma associação simbiótica chamada micorriza. O fungo retira nutrientes do ambiente e leva para o interior da semente, enquanto esta, ao germinar, produz açúcares para o fungo sobreviver. Essa relação simbiótica é o resultado de milhares de anos de evolução.

Cada grupo de orquídeas possui afinidade por um grupo específico de fungos. Ou seja, se a semente de orquídea não encontrar, ao acaso, o fungo certo, ela não germina e o embrião morre. Há também um delicado equilíbrio no momento de infecção das sementes das orquídeas pelo fungo: se o fungo for muito agressivo, ele mata a semente; se o fungo não for ativo o bastante, a interação não ocorre. Toda essa dificuldade de encontrar a combinação perfeita de acasos justifica a quantidade imensa de sementes produzidas em uma única cápsula.

Atualmente a propagação de orquídeas é feita em laboratórios, com técnicas especiais que dispensam o fungo no momento da germinação. O assunto é complexo, e será melhor explicado em outro artigo no blog (Abaixo: laboratório de propagação de orquídeas por cultura de tecidos).

Na natureza há três grupos distintos de orquídeas: as espécies terrícolas, que crescem na terra; as espécies rupícolas, que crescem em rochas; e as espécies epífitas, que crescem em troncos de árvore. Orquídeas epífitas não são parasitas e não causam nenhum dano às árvores em que se apoiam. O efeito é apenas positivo: Atração de polinizadores, abrigo para a fauna e embelezamento do jardim.

Orquídeas são muito variadas quanto à forma, havendo espécies enormes, com folhas de até 1,5m de comprimento (por exemplo Bulbophyllum phaleanopsis), com folhas minúsculas ou mesmo folhas muito rudimentares, quase imperceptíveis (por exemplo a orquídea fantasma, Dendrophylax lyndenii) (Ao lado: orquídea do gênero Ophrys, cuja flor mimetiza um inseto). A maioria das orquídeas apresenta raízes especializadas, envolvidas por um tecido esponjoso e esbranquiçado chamado velame. O velame é responsável por abrigar o fungo micorrízico na raíz, além de reter água e nutrientes com maior facilidade. Há orquídeas que podem apresentar bulbos, que são estruturas adaptadas para retenção de água para que a planta resista períodos longos sem irrigação. Também há orquídeas que crescem em sol pleno, na meia sombra, ou ainda na sombra profunda, no interior das florestas.

Há ainda muito conteúdo para ser apresentado sobre essa família de plantas tão inspiradora. Se você quer saber mais sobre algum tópico específico de orquídeas, mande uma mensagem ou deixe seu comentário.

A principal mensagem que as orquídeas passam para a humanidade é que a natureza é envolvida por um mistério encantador e que merece ser preservado.

É preservando em nossas florestas e em nossos jardins que o #paisagismopodesalvaromundo

(Foto de capa: Denis Doukhan, from Pixabay)

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