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Como identificar deficiência de macronutrientes

As plantas também precisam de nutrientes essenciais para sobreviver. A falta de macronutrientes provoca sintomas muito característicos. Veja como identificá-los!

As plantas são seres fotossintetizantes, ou seja, são capazes de produzir a própria energia. Isso não significa que elas sejam autossuficientes! Os nutrientes são como os tijolos que as plantas usam para crescer, florescer, frutificar, espalhar suas sementes e cumprir seu papel (eco)biológico. Sem seus nutrientes essenciais, as plantas não conseguem cumprir essas etapas de seu ciclo de vida, ou se conseguem, apresentem consequências graves de desenvolvimento. Há dois grupos principais de elementos essenciais para as plantas, que são os Macronutrientes e os Micronutrientes. Os Macronutrientes são aqueles requisitados pelas plantas em grandes quantidades, enquanto que os micronutrientes são requisitados em menores quantidades. Isso não significa de nenhuma forma que os micronutrientes sejam menos importantes do que os macronutrientes, apenas que a planta os utiliza em concentrações menores. Uma planta bem abastecida de macronutrientes, mas deficiente de apenas um micronutriente, pode nunca produzir frutos, por exemplo. Cada espécie vegetal também apresenta uma necessidade distinta de cada nutriente, havendo diferenças profundas na quantidade demandada de cada elemento. A quantidade ideal de nutrientes para uma alface será muito diferente de uma roseira, que será muito diferente de um ipê amarelo, por exemplo. Como o assunto da nutrição vegetal é muito extenso, iremos abordar os macro e micronutrientes em artigos separados. A seguir, vamos falar dos macronutrientes, apresentando cada um dos elementos, suas funções na planta e os principais sintomas de suas deficiências. Macronutrientes Os Macronutrientes são compostos pelos elementos químicos Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio e Enxofre. Nitrogênio (N)

É um dos nutrientes (senão o mais) utilizado pelas plantas. É um elemento essencial à

fotossíntese, está nas moléculas de proteínas e aminoácidos (e por isso no DNA), nas paredes celulares, enfim. A ausência de nitrogênio causa impactos profundos no metabolismo da planta, acarretando em redução do desenvolvimento, amarelamento generalizado das folhas mais velhas, redução do aproveitamento da fotossíntese e complicações na absorção de água pelas raízes. O nitrogênio é um nutriente considerado móvel na planta, ou seja, que pode se deslocar facilmente pelo corpo do vegetal. Quando a planta sofre com deficiência em nitrogênio, rapidamente esse elemento é deslocado das folhas mais velhas e é transferido para a região de maior importância da planta: as pontas dos ramos em crescimento. Por essa razão as folhas mais velhas, aquelas mais basais, apresentam coloração amarelada.

Foto: Deficiência de nitrogênio em azaléia.

Photo credit: Stuart Warren, Kansas State University

Fósforo (P)

Em contraposição ao nitrogênio, o fósforo é um dos macronutrientes menos exigidos pelas plantas. O fósforo está intimamente relacionado à produção de energia e açúcares nas plantas, sendo essencial no ciclo bioquímico da respiração e fotossíntese, além de compor moléculas de aminoácidos e DNA. O fósforo também é um elemento altamente móvel na planta, revelando os sintomas de deficiência nas folhas mais velhas ou na planta como um todo. Plantas deficientes em fósforo apresentam pouco crescimento e folhas mais velhas amareladas, sendo que algumas espécies de plantas podem apresentar folhas arroxeadas na falta do nutriente (exemplo: milho, algumas espécies de orquídeas).

Foto: Vermelhidão causada por deficiência de fósforo em tomateiro.

Photo Credit: Allen Barker, University of Massachusetts

Potássio (K)

O potássio é um elemento essencial para regular a acidez das seivas da planta, mantendo-as neutras a levemente alcalinas. Também é essencial para o equilíbrio osmótico da planta, ou seja, mantém o equilíbrio hídrico entre absorção de água e transpiração. O potássio é um nutriente bastante móvel nas plantas, o que significa que o sintoma de sua deficiência ocorre preferencialmente nas folhas mais velhas. Os sinais de sua falta são folhas amareladas com pontas e margens necrosadas.

Foto: Deficiência de potássio em fotinia.

Photo credit: Stuart Warren, Kansas State University

Cálcio (Ca)

O Cálcio é um elemento rico nos solos brasileiros, e por isso sua deficiência é de ocorrência rara. É um elemento que está intimamente relacionado com a estrutura da planta, compondo moléculas da parede celular e conferindo sustentação e rigidez. Uma vez assimilado pela planta, o cálcio é um elemento considerado imóvel. Por essa forma os sinais da sua falta se apresentam nas folhas mais novas e nos meristemas apicais. Os principais sintomas da deficiência do cálcio são deformações e queimaduras nas folhas mais novas, morte do meristema apical, mal desenvolvimento radicular, e pontuações ou manchas negras em frutos como maçã e tomate.

Foto: Deficiência de potássio em fotinia.

Photo Credit: Chuck Marr, Kansas State University

Magnésio (Mg)

O magnésio tem como a principal função compor moléculas de clorofila nas plantas, ou seja, elemento essencial para a manutenção da fotossíntese. Além de compor moléculas de clorofila, o magnésio também tem papel fundamental na atividade enzimática das plantas, servindo de engrenagem para o bom funcionamento do metabolismo e aproveitamento energético. Este é um elemento também bastante móvel, portanto os sinais de sua falta aparecem nas:... isso mesmo, folhas mais velhas. O principal sintoma da falta de magnésio é a clorose (amarelamento) internerval, ou seja, folhas com manchas amarelas entre nervuras ainda verdes.

Foto: Deficiência de magnésio em ornamental não identificada.

Photo credit: Stuart Warren, Kansas State University

Enxofre (S)

O enxofre é um elemento essencial para a composição de muitos aminoácidos e proteínas. O enxofre também participa de reações metabólicas importantes como ativação de um grande número de enzimas e no ciclo de aproveitamento energético da planta. Por ser um elemento muito pouco móvel na planta, os sinais de sua falta apresentam-se principalmente nas folhas mais.... novas. O principal sintoma da deficiência de enxofre é o amarelamento generalizado das folhas, acompanhado por redução do crescimento da planta.

Foto: Deficiência de enxofre em grama-amendoim

Lei do Mínimo

Um conceito importantíssimo para discutirmos quando falamos da nutrição vegetal é a lei do mínimo. Este conceito estabelece que não importa o quão bem nutrida a planta esteja, se faltar um único nutriente, todo o desempenho da planta fica comprometido. É como se pensarmos em uma tina de madeira contendo água: se uma das ripas estiver furada ou com um tamanho menor do que as demais, o nível de água será condicionado pela ripa defeituosa. Esse exemplo pode ser visualizado pela imagem ao lado.

Desta forma precisamos ter em mente que a adubação de uma planta deve contemplar a elevação adequada de todos os nutrientes, dentro das proporções requeridas pelas plantas. Mas cuidado, como diria a célebre expressão, até “água demais mata a planta”. Nutrientes em excesso também podem causar reações de toxidez nas plantas, comprometendo seu desenvolvimento. Para que saibamos exatamente a maneira correta de proceder com a adubação, é preciso realizar análises de solo do jardim e consultar um agrônomo para receber as instruções adequadas. Num outro artigo iremos discutir como funciona uma análise de solo.

Equilíbrio nutricional e doenças de plantas

Neste tópico faremos duas distinções pontuais: Nem todo sinal de amarelamento ou mal desenvolvimento da planta está relacionado com deficiência nutricional; o equilíbrio nutricional é um fator importante para as plantas resistirem à pragas e doenças.

Além da falta de nutrientes, as plantas também estão sujeitas ao ataque de pragas e agentes patogênicos (fungos, bactérias e vírus). Uma folha amarelada pode não ser sinal da deficiência nutricional, mas sim de uma infestação por algum tipo de praga, ou mesmo o sintoma de uma doença. É preciso realizar análises meticulosas e com critério.

O equilíbrio nutricional de uma planta dá a ela a capacidade de desempenhar o máximo de seu sistema de defesa contra o ataque de agentes infestantes. Isso não significa, infelizmente, que a planta está imune à pragas e doenças simplesmente por apresentar um bom equilíbrio nutricional. As plantas estão sujeitas também ao regime de luz, às práticas de manejo do jardim (poda, limpeza, interação com outras plantas, etc), e ao clima. Se qualquer um desses aspectos entrar em desequilíbrio, a planta fica mais suscetível à pragas e doenças.

Com essas dicas você poderá avaliar seu jardim de maneira mais técnica, deixando-o ainda mais saudável!

Gabriel Kehdi

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