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O Uso da Matéria Orgânica

Muito se fala a respeito do uso de matéria orgânica no jardim, mas quase nunca vemos a ciência por trás disso. Confira!

Antes de tudo, precisamos definir alguns conceitos. A Matéria Orgânica tem origem principalmente em restos vegetais em decomposição, folhas secas, raízes, galhos, etc. A matéria orgânica é constituída principalmente de substâncias húmicas e ácidos orgânicos. A formação da matéria orgânica ocorre pela interação complexa entre fatores químicos, físicos e biológicos. Acidez do solo, temperatura ambiente e riqueza de microrganismos no solo são fatores que afetam diretamente esse processo. Durante o processo de formação da matéria orgânica ocorrem perdas relacionadas à mineralização do material em decomposição. A mineralização consiste na transformação da matéria orgânica em substâncias simples, como sais. Esses compostos mineralizados tendem a ser perdidos por lixiviação, que é a retirada desses elementos do solo pela passagem da água. Quanto mais rápida é a transformação da matéria orgânica, menor é o tempo de estabilização das substâncias húmicas e maior tende a ser taxa de mineralização. Em países de clima subtropical e temperado, existe uma tendência de haver maior teor de matéria orgânica no solo devido ao inverno rigoroso e à redução da atividade microbiana que atua na decomposição. Em solos tropicais, o calor e a atividade microbiana é constante, o que acelera o processo de decomposição e dificulta o incremento de matéria orgânica. É por essa razão que precisamos atuar ainda mais na manutenção dos nossos solos. Vamos primeiro falar sobre os benefícios da Matéria Orgânica no solo, depois vamos falar sobre 5 maneiras de aumentar o teor de matéria orgânica no jardim. Benefícios da Matéria Orgânica 1. Equilíbrio da textura do solo Solos muito arenosos retêm pouca umidade e tendem a perder nutrientes com facilidade, além de estarem mais suscetíveis à erosão. Solos muito argilosos são pesados, tendem a compactar com facilidade. A matéria orgânica atua em solos arenosos aumentando a capacidade de retenção de água nutrientes, aumentando a agregação das partículas e reduzindo efeitos de erosão. Em solos argilosos, matéria orgânica atua reduzindo a densidade do solo, reduzindo a tendência de compactação. 2. Aumento da capacidade de armazenar nutrientes A matéria orgânica funciona como uma esponja de nutrientes. Quanto maior o teor de matéria orgânica no solo, maior é a sua capacidade de armazenar nutrientes para as plantas. Até mesmo o processo de mineralização promove a disponibilidade de nutrientes na forma de sais. Ou seja, pacote completo: produção e armazenamento de nutrientes. 3. Equilíbrio da acidez do solo A matéria orgânica, através das substâncias húmicas, favorece o equilíbrio da acidez do solo, segurando os níveis de pH em valores ótimos (de 5,5 a 6,5). Assim a chance de ocorrer variações bruscas para cima ou para baixo é reduzida. 4. Equilibrio sanitário A presença de matéria orgânica favorece o desenvolvimento se uma gama bastante variada de microrganismos no solo. Esses microrganismos precisam competir por água, nutrientes e espaço, travando batalhas invisíveis. Essa competição faz com que microrganismos causadores de doenças nas plantas não tenham chance de sair do controle, pois não conseguem expandir suas populações. 5. Aumenta riqueza de organismos benéficos O ambiente que a matéria orgânica cria no solo proporciona a habitação de organismos muito benéficos no jardim. Podem ser microrganismos como as bactérias fixadoras de nitrogênio e os fungos micorrizicos, ou macrorganismos, como as minhocas e os colembollas. Esses microrganismos ajudam as plantas expandindo a capacidade de captação e absorção de nutrientes, enquanto que esses macrorganismos promovem a ciclagem de nutrientes e decomposição da matéria orgânica. Faremos artigos especiais sobre esses heróis do jardim! 5 maneiras de aumentar o teor de matéria orgânica no jardim 1. Adubação orgânica com húmus O húmus é um material de fácil aquisição em lojas especializadas em jardinagem e de fácil aplicação no jardim. O húmus tem aparência de terra, é produzido pela compostagem de materiais vegetais pela ação de macro e microrganismos. É riquíssimo em matéria orgânica e deve ser usado como adubo no momento do plantio e em cobertura, na manutenção dos canteiros. O húmus deve ser usado em bastante quantidade, e a recomendação que costumo passar em minhas consultorias e projetos, para adubação de cobertura, é de 5kg a 10kg de húmus por metro quadrado, a cada dois meses. 2. Adubação orgânica com esterco A adubação com esterco (de gado, cavalos ou galinhas) é ótima para adicionar nitrogênio juntamente com a matéria orgânica. Mas cuidado! O esterco precisa estar muito bem curtido antes de ser utilizado, para não apresentar riscos de contaminação do canteiro. Para curtir o esterco é preciso deixá-lo em camadas intercaladas com palha seca (de capim, feno ou aparas de grama) por pelo menos 60 dias. Minha recomendação de adubação com esterco é de 2kg por metro quadrado, a cada 6 meses. 3. Cobertura do solo com material orgânico (palha, folhas secas ou triturado) - mulching orgânico A cobertura do solo com palha tem tripla função: reduzir perda de umidade do solo por evaporação, reduzir perdas por erosão, adicionar matéria orgânica em superfície. A palha é uma opção de fácil aquisição, principalmente para quem dispõe se grandes áreas de gramados. As folhas secas são uma excelente alternativa para quem dispõe de áreas bosqueadas com grande produção de serrapilheira - lembrando que a serrapilheira de um bosque é essencial para a preservação da área, e seu manejo deve ser feito de maneira sustentável. O triturado é um material produzido a partir da trituração de restos de poda, e constitui um excelente material de cobertura. A decomposição destes materiais apresenta velocidades diferentes, e assim a matéria orgânica é adicionada aos poucos no solo. Para haver maior eficiência no incremento da matéria orgânica, é preciso consorciar a cobertura com adubação. 4. Enriquecimento do solo com composto O composto orgânico é aquele produzido pela decomposição sistemática de restos vegetais, resultando em um material parecido com terra. O composto é mais grosseiro do que o húmus, possuindo geralmente restos vegetais visíveis. O composto deve ser usado como complemento à terra de plantio, sendo que compostos orgânicos comerciais estabilizados podem ser usados diretamente como substrato ("terra"). São ótimas fontes de matéria orgânica. O processo de compostagem deve ser muito bem executado, certificando-se que está devidamente estabilizado livre de contaminantes. 5. Manejo de "cultivo mínimo" O cultivo mínimo é uma prática da agricultura em que o solo recebe o mínimo de perturbações, com o mínimo trânsito se maquinários. Como os solos tropicais tendem a decompor (e mineralizar) rapidamente a matéria orgânica, quanto mais aerado e remexido for o solo, maior é a perda de matéria orgânica. Sendo assim, devemos evitar de revirar o solo de nossos canteiros com frequência. O ideal é que o solo seja bem revolvido e descompactado no momento do plantio, enriquecido com bastante matéria orgânica e depois, anualmente (caso necessário), receber manejo de aeração. De todo modo, a cada operação de revolvimento do solo, é recomendável adicionar matéria orgânica. NOTA IMPORTANTÍSSIMA: Antes de adicionar adubos ou materiais de origem orgânica no jardim, certifique-se da qualidade sanitária do produto! É comum contaminar canteiros com fungos, bactérias, pragas e plantas daninhas pelo uso de materiais orgânicos sem qualidade. O uso de materiais orgânicos na jardinagem trás diversos benefícios, como bem ilustramos, mas a utilização de produtos contaminados pode gerar problemas graves no jardim. Com essas ótimas dicas seu jardim ficará ainda mais saudável e com mais flores! #paisagismopodesalvaromundo Gabriel Kehdi

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